segunda-feira, 3 de agosto de 2015

LIBERDADE


A liberdade é a possibilidade de agir, segundo sua própria vontade, desde que não prejudique a ninguém. O direito de ir e vir, a sensação de não depender de ninguém, ou um conjunto de ideias e direitos de cada cidadão, ou a autonomia e a espontaneidade, mas definitivamente, não é fazer tudo aquilo que queremos. Talvez a liberdade seja utópica. Não somos livres para querer ou não querer, pois estamos expostos a situações e condições sobre as quais nossa vontade pouco ou nada pode interferir.
Subjetivamente, a liberdade é o poder de escolha entre as opções desejadas. Objetivamente, é a possibilidade de escolher entre as oportunidades da vida social, sejam elas permissíveis ou proibitivas. Temos a vocação natural de escolher somente o que pensamos ser um bem para nós. Naturalmente tendemos a agir sempre em nosso benefício. Somos impulsionados a fazer o bem a nós mesmos, embora, em nível consciente, nem sempre saibamos o que é o nosso bem. Queremos ser livres de tudo o que nos causa mal embora não consigamos avaliar a causa do mal, queremos ser livres para alcançar tudo aquilo que julgamos ser o nosso bem, ainda que nossas escolhas, na verdade, nos afastem dele.
A liberdade se exerce dentro dos limites traçados pela lei, pelas regras, pelos costumes e pela moral. Assim, a liberdade exterior depende da sociedade em que vivemos com as suas normas rígidas ou flexíveis de conduta. Nem sempre podemos fazer o que queremos. No entanto, podemos adequar nossa conduta às normas sociais, ou lutar para que sejam substituídas por outras mais condizentes à realidade social. O homem é aquilo de que necessita e nada pode fazer para mudar suas necessidades reais e, sim, compatibilizá-las, quanto à sua satisfação, ao contexto sociocultural onde vive. É difícil saber o que ele realmente é, em razão da confusão de normas, valores, ideais e princípios existentes. Por isso, para ser livre interiormente, importa que ele descubra quem ele é para buscar ser o que é.
Não podemos mudar as nossas necessidades biológicas, mas podemos interferir nas necessidades impostas pela cultura e que influenciam as nossas decisões. É preciso entender que na sociedade tudo se baseia em convenções, quem se conscientizou de que tudo são convenções sabe como agir sem se opor desnecessariamente a elas. Afinal, a quase totalidade das pessoas necessita de convenções para viver socialmente em harmonia.
A liberdade é conquista permanente, nunca definitiva, e acontece a cada momento em que estamos conscientes das nossas escolhas e das nossas reações às circunstâncias. Liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas tudo o que se pode e o que se deve. A liberdade não está na vontade em si, mas no exercício da vontade segundo as conveniências e as circunstâncias para não resultar em conflitos desnecessários ou consequências desastrosas. É fundamental termos bem claro em nossa mente que pior do que o cercear da liberdade é o condicionamento à escravidão.
Texto postado na Mídia FCS, em 24/09/2013

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Falta ética, ideologia e compromisso.


O eleitor brasileiro fica confuso com o grande número de partidos registrados. Os críticos e cientistas políticos reprovam o grande número de siglas – registradas e que aguardam registro – pois, infelizmente, a maioria da população não compreende o sistema político brasileiro e nem mesmo sabe para que servem os partidos políticos. É compreensível! A cada dois anos a história se repete: pessoas desejosas de se lançarem no universo da política e disputar vagas no legislativo ou executivo, correm em busca da construção de um ambiente favorável, antes mesmo do período eleitoral. Entretanto, o que sobra dessa movimentação toda é um amontoado de partidos políticos e nenhuma sustentação ideológica. As alianças costuradas conseguem colocar no mesmo palanque posicionamentos totalmente opostos. Negociatas ocorrem nos bastidores e aniquilam quaisquer resquícios de ideologia que possam sustentar os partidos. Até mesmo quando aparentemente, durante a disputa, consegue-se visualizar lados opostos, há uma forte tendência da oposição em abandonar o barco e juntar-se ao vencedor em troca de benesses. Diante de tudo isso, podemos nos perguntar: quem é que tem opinião? Seguramente é possível afirmar que existem apenas interesses, ao menos para o senso comum. Esse comportamento, confuso e baseado em interesses particulares, elimina a base ideológica das legendas que formam o grupo partidário nacional. Sem entrar na questão do certo ou errado, tal processo é ilegítimo e acontece com uma perspectiva, a do poder! Este é o maior projeto em questão e as parcerias firmadas resultam em sucesso, ou seja, alcançam o poder. Necessariamente há nesse processo de alianças muitos recursos financeiros investidos, em muitos casos oriundos de fontes duvidosas e até mesmo ilícitas, como demonstram os fatos no decorrer dos dias. Por outro lado, o projeto de governo fica em segundo plano ou nem existe. O desejo ou as necessidades do eleitor ficam em segundo ou terceiro plano, já que a meta é satisfazer os interesses dos integrantes das agremiações e de quem deu sustentação às campanhas. Após eleitos, buscando “agradar” seus correligionários, distribui-se cargos, sem muitos critérios, no que se refere à competência. Apresentam projetos, programas e ações que não condizem muito com a realidade ideológica das legendas e/ou com o discurso de campanha. Entretanto, o discurso é uma grande preocupação das campanhas, formatado por marqueteiros, muito bem elaborado, ainda que distante da realidade ou daquilo que se pretende fazer. As campanhas empenham-se muito em prometer, mas os esforços para realizar as promessas são escassos. Falta compromisso com o povo. A ele pertence o poder de fato, e somente o povo tem a possibilidade de outorgá-lo a quem achar em melhores condições de governar. Lamentavelmente, o cidadão não está em condições de escolher o melhor candidato entre tantos que disputam os cargos eletivos. Prova maior é o fato de que os candidatos eleitos, via de regra, são aqueles que têm as melhores estratégias para chegar ao poder, ou seja, aqueles que gastam muito dinheiro, constroem as maiores alianças, inclusive usando a máquina pública e dispostos a chegar ou se manter no poder a qualquer custo e a qualquer “preço”. O sistema político confuso, a ética e o compromisso ideológico distantes do ideal, além da construção cultural do povo brasileiro, principalmente em relação ao fato histórico do país em deixar de lado a educação das classes inferiores, desde a colonização, são obstáculos à qualidade da participação política dos cidadãos brasileiros.
Texto publicado na Revista Bless/ março/ 2015.

Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.

Mahatma Gandhi

"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."

"Paulo Freire"