A liberdade é a possibilidade de agir, segundo sua própria vontade, desde que não prejudique a ninguém. O direito de ir e vir, a sensação de não depender de ninguém, ou um conjunto de ideias e direitos de cada cidadão, ou a autonomia e a espontaneidade, mas definitivamente, não é fazer tudo aquilo que queremos. Talvez a liberdade seja utópica. Não somos livres para querer ou não querer, pois estamos expostos a situações e condições sobre as quais nossa vontade pouco ou nada pode interferir.
Subjetivamente, a liberdade é o poder de escolha entre as opções desejadas. Objetivamente, é a possibilidade de escolher entre as oportunidades da vida social, sejam elas permissíveis ou proibitivas. Temos a vocação natural de escolher somente o que pensamos ser um bem para nós. Naturalmente tendemos a agir sempre em nosso benefício. Somos impulsionados a fazer o bem a nós mesmos, embora, em nível consciente, nem sempre saibamos o que é o nosso bem. Queremos ser livres de tudo o que nos causa mal embora não consigamos avaliar a causa do mal, queremos ser livres para alcançar tudo aquilo que julgamos ser o nosso bem, ainda que nossas escolhas, na verdade, nos afastem dele.
A liberdade se exerce dentro dos limites traçados pela lei, pelas regras, pelos costumes e pela moral. Assim, a liberdade exterior depende da sociedade em que vivemos com as suas normas rígidas ou flexíveis de conduta. Nem sempre podemos fazer o que queremos. No entanto, podemos adequar nossa conduta às normas sociais, ou lutar para que sejam substituídas por outras mais condizentes à realidade social. O homem é aquilo de que necessita e nada pode fazer para mudar suas necessidades reais e, sim, compatibilizá-las, quanto à sua satisfação, ao contexto sociocultural onde vive. É difícil saber o que ele realmente é, em razão da confusão de normas, valores, ideais e princípios existentes. Por isso, para ser livre interiormente, importa que ele descubra quem ele é para buscar ser o que é.
Não podemos mudar as nossas necessidades biológicas, mas podemos interferir nas necessidades impostas pela cultura e que influenciam as nossas decisões. É preciso entender que na sociedade tudo se baseia em convenções, quem se conscientizou de que tudo são convenções sabe como agir sem se opor desnecessariamente a elas. Afinal, a quase totalidade das pessoas necessita de convenções para viver socialmente em harmonia.
A liberdade é conquista permanente, nunca definitiva, e acontece a cada momento em que estamos conscientes das nossas escolhas e das nossas reações às circunstâncias. Liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas tudo o que se pode e o que se deve. A liberdade não está na vontade em si, mas no exercício da vontade segundo as conveniências e as circunstâncias para não resultar em conflitos desnecessários ou consequências desastrosas. É fundamental termos bem claro em nossa mente que pior do que o cercear da liberdade é o condicionamento à escravidão.
Texto postado na Mídia FCS, em 24/09/2013